Li num artigo do Ricardo Amorim que em 2012 mais de 55 mil estrangeiros receberam vistos para trabalharem no Brasil. Fica claro que isso é reflexo da grande movimentação do mercado brasileiro, que gera crescimento econômico, produção e empregos. Mesmo considerando ser este um fato positivo, já falamos em outros textos recentes que nosso país vive uma fase onde a mão de obra disponível é menor do que a procura pela prestação se serviços, o que gera um problema que, em longo prazo e se não cuidado, poderia ser tão grave quanto o desemprego. Como solução, alguns segmentos têm estimulado a migração de trabalhadores bolivianos, peruanos e de alguns países da América Central para estancar esta nossa necessidade.
Hoje o setor de serviços vive uma ligeira queda de qualidade. Como o prestador não tem tempo suficiente para treinar sua equipe, ele acaba deixando pessoas com menos qualificação (ou qualidade) desenvolverem as tarefas. Antes, para desenvolver um serviço, havia treinamento e acompanhamento por parte dos mais experientes. Hoje, como as pessoas permanecem pouco tempo numa mesma empresa, as organizações não têm tempo de treiná-las, colocando-as para operarem antes mesmo de estarem prontas. Além disso, o médio prestador de serviços, que antes se dedicava a supervisionar seus ajudantes, na falta destes passou a por a mão na massa e, com isso, deixa de lado o preparo de seus substitutos.
Hoje (domingo) fui logo cedo à padaria e não pude deixar de notar que o local estava menos limpo que o habitual. Reparei que as pessoas do outro lado do balcão eram novatas e perguntei a uma delas pelo proprietário. A moça respondeu que ele estava trabalhando no forno e assando os pães, porque o padeiro havia faltado. Pensei: de lá não dá pra ver esta sujeira mesmo. O fato é que a falta de mão de obra faz cair a qualidade da prestação de serviços e isso pode ser notado todos os dias em quase todos os lugares. Como não se encontra gente boa, contrata-se o mais ou menos e às vezes até o ruim. E quem sofre é o público consumidor, que somos todos nós, inclusive o próprio trabalhador que troca de empregos deliberadamente.
Numa polêmica sobre o assunto, ouvi alguém defender mesmo a importação de mão de obra estrangeira para ocupar postos que os brasileiros não querem mais ocupar, o que de certa forma, me parece a única coisa a fazer. Mas se avaliarmos melhor as consequências, lembraremos que os estrangeiros também são pessoas inteligentes e capazes, que chegam aceitando qualquer desafio, mas que aprendem rapidamente e se qualificam a ponto de, no futuro, serem também uma concorrência para os brasileiros que, diante da forte oferta, se acomodam. O que estou tentando dizer é que todo feitiço, depois de um tempo, acaba caindo contra o próprio feiticeiro e aqueles que vieram para trabalhar podem crescer e virarem patrões. Basta ver que no início do século XX o Brasil estimulou a imigração de europeus fugidos das guerras para substituírem os escravos na lavoura e depois de um tempo, a maior parte deles enriqueceu, tornando-se a classe dominante simplesmente porque estava mais preparada e mais acostumada a trabalhar.
Isso só não acontece nos Estados Unidos porque o governo mantém os imigrantes como ilegais... e no Japão, porque os japoneses gostam de trabalhar e não se acomodam. Diante desta nossa realidade, um jovem que realmente quer aproveitar seu tempo e sua juventude, deveria precaver-se contra qualquer tipo de concorrência que ele possa ter, seja ela brasileira ou não. Ao contrário do que a massa pensa, formar-se numa faculdade não é mais o passaporte para o sucesso, pois hoje em dia o diploma universitário é algo que qualquer pessoa pode facilmente ter. Numa conversa recente que tive com uma classe de universitários, me perguntaram quais são as dicas quentes e seguras para o momento. Eu enumerei três:
1 – esteja na ativa e aprenda a fazer um trabalho carinhosamente, de maneira única e de um jeito que não seja qualquer um que faz. Seja empreendedor, pense sempre como empresa, pois quando você for empresário já terá experiência no assunto.
2 – prefira um trabalho onde você possa conhecer pessoas, pois é no contato com elas que o jovem aprende a maioria das coisas que lhe serão úteis no futuro.
3 – aprenda um novo idioma, afinal, os estrangeiros que chegam ao Brasil já falam ao menos um, além do português. E eles, rapidamente... vão aprender o nosso.
No Brasil da carência de mão de obra especializada existe um exército de profissionais bem formados, experientes e qualificados que gostariam e precisam trabalhar, mas que aqui são deficientes totais porque têm mais de 50 anos. Mas os estrangeiros são melhores...
ResponderExcluirÉ verdade... Mas sinto dizer que existem alguns cargos em que nem a geração anterior se interessa. A bem da verdade, quando os empregos começaram a aumentar no Brasil eu tambem pensei que iria acomodar aquele pessoal com mais de 50, porém, o que se nota é que eles querem concorrer com os jovens, afinal sentem-se totalmente capazes para isso. Mas o mercado é preconceituoso e quando tem as duas opcoes, prefere os jovens.
ExcluirPara a funcao de garcom, por exemplo, pouquissimos se candidatam.
eu gostei muito desse texto. tambm percebi que o colegio do meu filho não tem professora para o jardim, eles ficaram uma semana sem aula no ano passado.
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